sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

the killing moon.

A lua volta e meia faz isso; torna-se inteira e implacável. Nessas horas não há tristeza que se aguente em pé, nem a apatia da eternidade diz alguma coisa, fica parada, hipnotizada por sua dança de retalhos. Ela demonstra solidez, isso é importante. Totalmente real e exata, uma doce imagem calva e sem face. À flor da pele, despida de qualquer pele.

Fitando-a assim, não preciso tentar fazer sentido. Posso olhar e ser, sem passado ou futuro, sem ter que definir os milhares fios de pensamentos que me invadem.
Pega-me de surpresa, a lua puta.

Eu posso fazer tudo, estou quase lá e nao chego, não volto, mal estou aqui. Você sente minha falta? Um dia desses retornarei, você vai saber, vai poder ver, sentir, tocar; agora por enquanto, a redoma me aquece mais. A apatia não é somente indiferença, é também autopreservação. Eu sei que me repito demais, mas essa é a única forma de entendimento, às vezes preciso bagunçar alguns pedaços do passado para ter algum futuro.
Mas enquanto isso, por favor, me poupe de sua indecisão...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

today fucked by time.

Céu. Desabitado. Frágil, de uma fragilidade quase sepulcral, céu vertical. A lua se parte em minúsculas fagulhas de luz e me deixa aqui, silenciosa e fragmentada. Na ponta da boca, sinto meus lábios ásperos como a pele de um kiwi prematuro.
Olho para o relógio e não entendo sua mensagem, posso olhar para ele a vida inteira, mas a mensagem me escapa; nunca pára de mudar.
A vida podia ser bem menos óbvia...

disappearer.

Eu fico aqui, mas não estou.
Espero. Não volto.
Sussurro mentiras para um copo vazio na mesa de jantar.
Enfio as unhas na parede, mas ela não cede.
Idiota.
Respirar parece tão fácil, porque todo resto não pode ser também?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

don`t hit the alarm.

Não sigo regras, não durmo com travesseiro, de nada sei sobre a cama viva ou sobre a solidão do sol. Adoro matar flores, elas nunca se machucam. O mundo só faz sentido entre os pontos de cada frase que nunca termino. Essas frases nao têm gosto, não se eternizam como música, não sobrevivem ao inverno. Eu sei que raramente sofrem a dor do respirar, nem choram quando nascem... Assim como peixes ou a lua.

Não sei porque insisto em falar de mim, estou ausente e só o papel fala comigo.
Estrela negra nesse ceu invisível. Quero te ver novamente, mas você diz ser impossível, e o tempo corre. Vejo sombras fugindo do que eles nem sabem se virá. O vento assobia, chamando meu nome.
Você ainda sente?

Não sigo regras, sempre esqueço a chave de casa, perco celulares, nunca arrumo meu quarto. Não entendo mais as coisas que escrevi aqui. Odeio saber a razão, odeio todas as fotos... Mas, me olhando no espelho toda descabelada e com a testa franzindo de concentração, até que é um pouco engraçado, então não entendo porque estou com essa vontade de chorar.