segunda-feira, 2 de julho de 2012

desde pequena sempre achei o charme da cidade grande olhar as luzes dos vários prédios madrugada dentro pela janela, sempre gostei de admirar a vida pulsante dos 'apagares' e 'ascenderes' de luzes dos apartamentos, olhar sozinha pelo vidro os barulhos da vida noturna pacata do dia de semana.

baforar no vidro e vê-lo embaçado no frio, depois fazer espirais e coraçãozinho.

há algum sentimento muito confortante em saber que enquanto todo mundo segue a redoma e dorme, eu de propósito quebro a rotina e observo.

percebi então que quebrar a rotina é o grande triunfo da vida urbana.

se permitir não pegar o metrô naquele momento preciso ou desobedecer o despertador é um prazer inimaginável pra quem vive nessa metrópole. sentar na grama do ibirapuera num fim de tarde atribulado, tomar banho às 3 horas da manhã, acordar às 14, almoçar no sujinho às 19, não jantar.

desde pequena eu (também) sempre achei um charme andar apressada pela paulista no horário de pico, não olhar na cara de quem passa do seu lado de cabelo verde, do hare krishna que te para na outra esquina ou do repórter que te para em frente a escada da Gazeta.

sempre achei charme subir as escadas rolantes do lado direito dando passagem à esquerda, esperar o sinal verde, não pegar o papel que distribuem na rua, não olhar pra pessoa que dorme embaixo do viaduto, fumar depois da faixa amarela em pé e blasé.

seguir e desobedecer a cidade, qualquer que seja o fim (o lado que se escolhe) é tudo muito melodramático. a vida aqui, de qualquer um, é sempre uma grande novela. um movimento em falso, uma pequena atitude e caem todas as peças do dominó, em sequência.

seguir ou desobedecer, esse é o charme da metrópole.

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